Por que é tão difícil controlar o diabetes?

  • Controle do diabetes;
  • Como controlar o diabetes;
  • Dificuldades para tratar diabetes.

O diagnóstico de diabetes pode ser um processo assustador, que requer reflexão sobre o nosso estilo de vida.

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Em 2014 a Universidade de São Paulo, USP, publicou um estudo absolutamente aterrador: a cada dez pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 2 – aquela que nós desenvolvemos ao longo da vida, diferente da diabetes tipo 1, que é uma insuficiência congênita, ou seja, que nasce conosco – são sete aquelas que simplesmente não se tratam.

Para algumas pessoas, o tratamento soa quase tão complicado quanto é receber o diagnóstico da doença, que pode levar a complicações severas, como perda da visão, insuficiência renal, amputações entre outros problemas de saúde tão graves quanto a doença em si.

Mas quais são as razões que fazem com que as pessoas simplesmente deixam de buscar ajuda e de fazer o tratamento médico da forma que realmente deveriam fazer? Será que é possível falar que é somente a desinformação que faz com que as pessoas diagnosticadas com a doença sejam subtratadas?

Como a maior parte da população brasileira, inclusive aquelas que são diagnosticadas com diabetes, são tratas por médicos clínicos-gerais que não possuem os conhecimentos mais aprofundados sobre diabetes que teria, por exemplo, os médicos endocrinologistas. Como eles não conseguem nem transmitir todas as informações que são fundamentais para o tratamento, outros equívocos também são comuns.

Por exemplo: uma pessoa com diabetes deve sempre aferir a glicemia, utilizando os aparelhos que são disponibilizados gratuitamente pelo Ministério da Saúde e e distribuídos pelos postos de saúde, junto de fitas para a medição. Essa é uma atividade essencial para que se possa fazer o controle glicêmico e os ajustes de medicamentação.

Outra questão importante é o que se deve fazer quando ocorre uma crise de hipoglicemia e como evitá-la através da medicação e da alimentação. Essas informações são fundamentais e absolutamente importantes para quem é diagnosticado com a doença, porque são elas que vão fazer com que o agravamento da doença não seja uma preocupação fundamental na vida do diabético.

Um outro problema que atrapalha a vida de quem é diagnosticado com o diabetes é o acesso problemático aos medicamentos e os outros insumos para o controle glicêmico. Não são raras as notícias e reclamações de quem depende do SUS para poder se tratar e não sofrer com as consequências terríveis da doença.

Essas faltas frequentes atrapalham e muito a continuidade do tratamento para o diabetes, que é caro e que está fora do campo de possibilidades de grande parte da população, que não tem recursos para custear os remédios, fitas e aparelhos para fazer as medições de glicemia que são necessárias para que sejam feitos os ajustes de insulina, recorrentes e necessários para melhor tratar o diabetes.

Outra questão é que falta também – e muita – consciência da população quando se trata de diabetes e pouca ou quase nenhuma contribuição por parte de estabelecimentos comerciais e indústrias que tiram proveito dessas situações. É necessário que os governos também entendam, sobretudo, as necessidades da população diabética, promovendo também atividades que possam envolver esse grupo socialmente, bem como promovendo projetos de lei que aumentem a visibilidade das pessoas acometidas pela doença.

O que pode causar o diabetes

Antigamente se colocava toda a causa de diabetes sobre o estilo de vida que as pessoas levavam. Se comiam mais doces, se comiam mais em redes de fast food ou se alimentavam em excesso, isso poderia ser tomado como um fator que explicaria o diabetes.

No entanto, hoje, quando analisamos os dados da população atingida pela doença, as razões podem ser coisas que se aproximam e muito do estilo de vida de boa parte da população urbana das classes mais baixas, onde a alimentação é, infelizmente, a que pode ser comprada, sendo ela ideal ou não.

Some isso a uma vida estressante, violenta, cara, envolta em poluição e tenha ali uma bomba relógio chamada diabetes.

Hoje, a diabetes adquirida, essa que chamamos de tipo 2, representa mais de 90% de todos os casos relatados no mundo inteiro. Antes, a maior parte das pessoas acometidas pela doença já era adulta, mas hoje a doença atinge cada vez mais crianças e jovens. Hoje, em nosso país, são reportados mais de dois milhões de casos todos os anos.

Em países pobres, onde as taxas de obesidade estão crescendo ano a ano, também crescem os dados de pessoas diagnosticadas com a doença – geralmente as mais pobres, com estilos de vida cada vez menos saudáveis dadas as condições dessas mesmas vidas. Assim, o diabetes deixa de ser cada vez mais doença associada ao tipo de vida e passa a ser cada vez mais associada à classe social.


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